A Comuna de Paris


No dia 18 de março de 1871, o mundo conhecia a Comuna de Paris, a primeira experiência de governo operário da história.

Foram poucas semanas de existência, a recém nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados. Entre as medidas adotadas, tivemos a redução da jornada de trabalho, os sindicatos foram legalizado, a pena de morte foi abolida, instituiu-se a igualdade entre os sexos, o Estado e a Igreja foram separados, a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado, o serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos, etc.

O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. Seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade, estimasse que mais de 20 000 communards foram executados pelas forças de Thiers.


Karl Marx, comentando sobre o trágico desfecho, afirmou: "A Paris dos operários de 1871, a Paris da Comuna será para sempre celebrada como a precursora de uma sociedade nova. A memória de seus mártires viverá, como num santuário, no âmago do coração da classe operária. Seus exterminadores, a História já os pregou a um pelourinho eterno e todas as preces de seus padres não bastarão para resgatá-los."



Os dias da Comuna
Bertold Brecht*
Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para nos escravizarem.
As leis não mais serão respeitadas
Considerando que não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Consideramos que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos, de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
*Extraído do texto "Os Dias da Comuna", de Bertold Brecht, tradução de Fernando Peixoto.

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