O "PIBinho" e o mau agouro



Por Cornelius Buarque

A vanguarda do atraso regozijou com o resultado do crescimento do PIB em 2012, 0,9%. É um número baixo, talvez preocupante, porém, não deve ser analisado fora de um contexto mundial de crise.

Não tenho as luzes de Antônio Barros de Castro ou Francisco Eduardo Pires de Souza, mas é possível afirmar que a economia brasileira está em "marcha forçada", versão Século XXI.

A marcha forçada atual difere daquela do período 1979-1985 quanto aos setores priorizados e quanto ao desequilíbrio externo. Não é uma industrialização à custa de concentração de renda, socialização de prejuízos ou estatização da dívida externa. A máxima "crescer o bolo, para depois dividir as fátias" é algo completamente abandonado. Mas, vemos as dificuldades e o custo de passar 20 anos olhando apenas o lado monetário da economia, esquecendo seu lado real.

O PIB pode ser olhado e apresentado de várias formas. O que passou, passou e não pode ser alterado. Quanto às perspectivas, considero que há duas variáveis chave: investimento como proporção do PIB na
comparação trimestre com o trimestre imediatamente anterior e a comparação trimestre/trimestre do crescimento do PIB, expostas no quadro abaixo:

Fonte: IBGE



As duas variáveis assinaladas sinalizam a aceleração da retomada da atividade econômica, e a probabilidade evidenciada de crescimento do PIB para 2013, projetado a partir dos dados apresentados, vai para a casa de 2,4%, número bem superior ao que observamos em 2012.

Resumindo, os resultados do PIB apontam um desempenho fraco no ano de 2012 que deve ser relativizado frente ao contexto internacional de desaceleração economica. Mas, os números do 4º trimestre de 2012 apontam a aceleração da atividade econômica e trazem perspectivas animadoras.
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Um comentário:

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Também faltou analisar um fato: o que importa realmente são as séries temporais e não o resultado de um ano apenas, em termos macroeconômicos. Além disso, outros indicadores como o IDH também são importantes (e esse só tem melhorado). O contexto mundial, a correlação do PIB com outros fatores, tudo isso deve ser analisado de forma abrangente e conjunta. A relação dívida/PIB, por exemplo, é importantíssima, mas geralmente é escamoteada pela mídia tucana porque só tem melhorado desde que o privatizador-mór deixou o Planalto. Ela é que indica a capacidade de saldar os compromissos de um país. Hoje está na casa dos 35%, enquanto na era FHC chegou perto dos 60%.