A presidenta Dilma Rousseff respondeu nesta segunda-feira (3) às críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado no domingo (2) em O Estado de S. Paulo e O Globo. "Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão", diz nota oficial da Presidência da República.
FHC chama de “herança pesada” o legado deixado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com duras críticas à política energética e às medidas econômicas adotadas por ele com consequências no governo Dilma.
No artigo, o ex-presidente também diz que o governo Dilma passou por uma crise moral, com a demissão de oito ministros, sete deles por suspeitas de envolvimento em corrupção.
Dilma afirma ter recebido um país com economia sólida, crescimento robusto e inflação sob controle. Leia abaixo a íntegra da nota:
Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recorde.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.
Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
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Um comentário:
A relação de FHC com Dilma sempre foi boa. Isso, de certa forma, causava espanto a uma certa esquerda que sempre apostou na ídéia de incendiar o Brasil. FHC publicou artigo na grande mídia chamando Dilma de presidentA e criticando a herança maldita do governo Lula, aquele cidadão que parece estar acima do bem e do mal.
Não há nada de muito especial no artigo de FHC, ele diz o óbvio. Talvez tenha esquecido, porque isso faz parte do jogo político, de elogiar Lula por ter inserido milhões de brasileiros no rol da classe média. Essa mesma classe média, cujos valores são considerados conservadores e fascistas por essa mesma certa esquerda, não é mesmo Marilena Chauí?
E FHC recebeu o troco de Dilma -- que poderia muito bem ter ficado quietinha. Talvez empurrada por alguém, o certo é que Dilma desfilou ironias, disse que não recebeu de herança governos comprometidos com FMI e nem apagões e que o espólio deixado por Lula foi bendito.
Benditas ou maltidas, heranças são heranças. Não se pode dizer que Lula recebeu de FHC uma herança maldita, porque ele seguiu de forma praticamente ortodoxa a mesmíssima política econômica do governo tucano, que tanto o PT criticou. Sim Lula fez reformas que FHC não conseguiu fazer, por conta da atitude radical do PT, exemplo vivo foi a reforma da previdência, expulsando companheiros de partido do tipo Luciana Genro, que insistiam em manter a equivocada coerência.
E agora recentemente, Dilma retomou uma herança chamada maldita por certa esquerda que foram as privatizações, que, na verdade, são concessões. O Brasil demorou 10 anos, nos governos petistas, para descobrir o óbvio. O estado brasileiro não tem condições -- por si só -- de tocar sozinho essa locomotiva. Essa sim é uma herança maldita de Lula, por puro preconceito, ficamos patinando no trololó ideológico, enquanto nossas estradas, portos e aeroportos são exemplos vivos de vergonha
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