Ato de Identificação do Presídio Feminino Madre Pelletier



Dando seguimento aos atos de identificação pública dos espaços de tortura e resistência em Porto Alegre, o Comitê Carlos de Ré convida toda a militância que atua em defesa dos Direitos Humanos para a identificação pública do presídio Feminino Madre Pelletier, onde diversas opositoras da ditadura civil-militar estiveram presas. O ato será no próximo dia 10 de setembro (segunda-feira) no presídio Madre Pelletier (Avenida Teresópolis, nº 2727) a partir das 11h.

A primeira destas mulheres foi Ignez Maria Serpa, a Martinha, que estará presente para dar seu depoimento. Apresentaremos também depoimento de outras ex-presas políticas e de presas atuais, que darão o testemunho de sua realidade atual e do que restou do regime repressor.

Nosso ato agregará uma homenagem às mulheres que foram protagonistas da resistência, mas que costumam ter seus papeis reduzidos nas páginas da história, vez que já na época eram vítimas do machimo, um machismo que continua atuando fortemente na disputa pela narrativa do nosso passado.

Esse machismo, sob outras matizes, vitimiza as presas de hoje. Mais de 70% das mulheres atualmente em situação de prisão foram condenadas por "associação ao tráfico", sendo que mais de 40% sofria violência doméstica e se não levassem as drogas para seus maridos/ companheiros apanhariam em casa.

Este é apenas um dos dos dados que denuncia o machismo. Traremos outros que vinculam as violências de ontem e hoje contra as mulheres com a nossa cultura machista e fortemente militarizada, resultante da ditadura militar ainda não superada em nossa incompleta transição democrática.

Contamos com vocês neste ato, que está sendo organizado em conjunto com as mulheres do Madre Pelletier, com a Coordenaria Penitênciária de Mulheres da Susepe e com diversas entidades e movimentos sociais que compõem o Comitê Carlos de Ré e/ou apoiam apoiam a iniciativa.

Que este espaço se torne um lugar de memória, luta, resistência e transformação social, pelas mãos de homens e mulheres que ousam lutar por Memória, Verdade e Justiça!
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