A segunda-feira em que perdemos Eduardo Galeano


Por Erick da Silva

Segunda-feira é mundialmente conhecido como o pior dia da semana.

Não a toa que muitos se deprimem ao final de domingo, pois a segunda está se aproximando de maneira incontornável.

A segunda carrega consigo uma indelével ressaca moral. A fantasia e o ócio cedem lugar ao concreto dos compromissos e a alienação da rotina.

Para aqueles e aquelas que, de diferentes formas, se identificam com a esquerda, em seu sentido mais amplo do conceito, esta segunda, 13 de abril de 2015, foi ainda mais dolorosa que o habitual: perdemos Eduardo Galeano.

O que torna a situação simbolicamente ainda mais trágica para nós brasileiros de esquerda é que recebemos esta triste notícia, vinda das bandas orientais, logo após um domingo marcado pela exasperação conservadora e reacionária nas ruas de diversas cidades do país, nos protestos pelo impitimam da presidenta Dilma (ou ainda a volta da ditadura militar, não à ainda um consenso entre os protestantes).

Não deixa de soar como uma piada de mau gosto que um dia após o "coxinha's party" brasileiro com seu "teatro do absurdo", recebemos a notícia da morte do Eduardo Galeano.

O fato de os protestos reacionários do dia 12 de abril serem menores que os de março não apagam o fato de que eles ocorreram. Perderam fôlego, mas o impeto golpista e a mobilização conservadora, não cessaram.

Galeano teria muito a dizer sobre este atual momento brasileiro. Com a sua fina sensibilidade, em
meio a um "mundo de pernas para o ar", buscava compreender as contradições, denunciar as injustiças e encontrar, neste confuso emaranhado de um mundo sob domínio do capital, as chamas da esperança.

Não me atreverei aqui a comentar sua vasta e rica obra, este texto não se propõe a fazer o justo e necessário balanço do que representou Galeano, mas apenas registrar a dor e a consternação de sua perda.

Inúmeros lutadores de diversos cantos, mas principalmente de nosso continente, cujas veias seguem abertas, tiveram em Galeano sua primeira inspiração, como um farol a iluminar o obscurantismo reinante.

Muitos, a partir de Galeano, encontraram razões para lutar por um mundo diferente, encontraram razões para seguir (ou começar) a lutar por uma utopia. São as utopias que nos fazem caminhar, como sabiamente dizia.

Um autor que  foi "capaz de olhar o que não se olha, mas que merece ser olhado" merece de nós sinceros agradecimentos.

Obrigado Eduardo Galeano por ter existido!
.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela homenagem!