Qual a razão de um prefeito do PT palestrar no Fórum da Liberdade?

Por Erick da Silva

Faz alguns anos que um grupo de empresários e "intelectuais" de direita organizam um evento intitulado "Fórum da Liberdade", evento que congrega a nata do pensamento neoliberal e reacionário em Porto Alegre.
Todos os anos, reúnem-se como palestrantes figuras do "naipe" de Arnaldo Jabor, Rodrigo Constantino (folclórico comentarista neoliberal que defende, por exemplo, a "privatização dos tubarões"), Marcelo Tas, FHC e cia.
Este evento chegou a ser usado como contraponto, pela direita midiática, ao Fórum Social Mundial e que está em perfeita sintonia com o pensamento reinante em organizações como o Instituto Millenium.
O evento em si, pouco ou nenhuma importância tem para o debate público efetivo. Fora a ampla cobertura do grupo RBS, sempre parceiro de todo e qualquer evento que propague o falido ideário do "deus mercado", o Fórum da Liberdade não tem nenhum efeito concreto sobre a agenda política, a não ser como mero espaço de agitação do pensamento neoliberal em sua faceta mais radical. É um evento destinado, fundamentalmente, para servir de contraponto ao debate público de fato existente em nosso país, cuja agenda política está voltada para a inclusão social e o desenvolvimento do país. Algo que eles
Neste ano, ao conferir a "qualificada" programação (confira aqui) e ver figuras Luciano Huck, João Roberto Marinho (Globo), Yoani Sánchez e outras figuras de menor expressão, qual foi a minha surpresa ao ver um prefeito do PT, Jairo Jorge, prefeito de Canoas (cidade localizada na região metropolitana de POA), querendo, literalmente, "vender seu peixe" e figurando como um dos palestreantes.
Não questiono os avanços que o prefeito Jairo Jorge teve na administração do seu município, não foi por acaso que conquistou sua reeleição com altos índices de aprovação na cidade. Agora, essa boa administração não o habilita a agir acima do partido.
Este tipo de comportamento personalista não é novo para o prefeito Jairo Jorge, sempre obcecado em buscar manchetes e espaços junto a mídia golpista. A necessidade de holofotes vai da vaidade de cada um, esse não é o maior dos problemas. O problema maior é quando se coloca como debatedor, e por consequência defensor, de ideias antagônicas as de seu próprio partido e da esquerda (em sua acepção mais ampla e generosa possível.). A sua participação serve como legitimador de um espaço que não merece ser legitimado.
O sofisma de que "a esquerda precisa dialogar com todos" é um belo embuste que apenas mascara o descomprometimento político com os interesses coletivos, soterrados por projetos individuais ou de pequenos grupos internos.
As vitórias eleitorais e o crescimento do PT não se deram sem contradições. Invariavelmente, vemos alguns "companheiros e companheiras", perdendo a "linha" e cometendo deslizes políticos sérios, para dizermos o mínimo. Sabemos que o PT, como todos os demais partidos, não são formados por "anjos", mas isto é tema  para debate em um outro momento.
Esses comportamentos "desviantes" são usados pelos críticos e adversários do PT como exemplos do "fim do PT", de que o "PT  não seria mais um partido de esquerda", e por aí a fora. Generalizam e simplificam uma analise baseada em equívocos isolados. Isso não é novidade.
O que surpreende é que, ainda tenhamos figuras públicas do PT que se prestem a este papel de "jogar água no moinho da direita", colocando o partido em uma situação constrangedora. Quando aprenderão?
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