Por Everton Rodrigues
Cruz Alta, que
possui cerca de 62 mil habitantes, foi a cidade que mais se
mobilizou presencialmente e digitalmente para o processo da consulta
sobre segurança no trânsito.
O método Rede
de Agentes Articuladores e Formadores,
gerou na cidade de Cruz Alta um caso que deve ser observado,
considerado, aperfeiçoado e implementado em outras consultas.
Todo esse
processo, coordenado pelo Gabinete Digital e Secretaria Estadual de
Educação, através da 9ª Coordenadoria Regional de Educação
(CRE) e o Núcleo de Tecnologia e Educação (NTE), envolveu
dezessete escolas (EEEB Venancio Aires, IEE Prof. Annes Dias, EEEF
Dr Catharino De Azambuja, EEEB Margarida Pardelhas, EEEM Dr.
Hilebrando Westphalen, EEEM Dom Antonio Reis, EEEM Major Belarmino
Cortes, EEEF Dr. Candido Machado, EEEF Sonho De Um Menino, EEEF
Arnaldo Ballvé, EEEB Angelo Furian, EEEM Dr. Joao Raimundo, EEEF 3
De Julho, EEEM Prof Helenita Guimaraes Pereira, EEEF Antonio
Silveira, EEEM Joaquim Nabuco, EEEB Gal Osório e Curso de Jornalismo
da Unicruz) essas, localizadas em seis cidades (Cruz Alta, Boa Vista
do Cadeado, Boa Vista do Incra, Tupanciretã, Ibirubá e Pejuçara),
mobilizou 4.230 alunos, produziu onze vídeos e 396 fotos.
Após o início
da consulta, em um período de 37 dias, Cruz Alta foi a única cidade
que criou o Comitê Jovem pela Paz no Trânsito, que é um fórum
permanente articulador de ações e, ao mesmo tempo, afastando-se de
conceitos de centralização e aproximando-se de uma rede
distribuída, onde cada escola funciona como um "nó"
interligado a todos os demais por vários tipos de relações.
Cabe destacar,
que cada “nó” da rede (escola) fortaleceu a mobilização
iniciada no ambiente escolar, indo além do número de alunos já
mencionado, já que muitos pais, professores e funcionários
integraram-se como agentes de mobilização atingindo, assim, pessoas
para além da comunidade escolar.
A consulta pública
sobre segurança no trânsito teve início em 9 de outubro de 2012,
com a participação de diversas organizações e indivíduos da
sociedade civil, assim como, instituições públicas e privadas.
A parceria com a
Secretaria Estadual de Educação foi firmada através da coordenação
do projeto Província de São Pedro, que enviou informações sobre a
consulta para todos os Núcleo de Tecnologia e Educação - NTE's. De
imediato o NTE da 9ª CRE, respondeu a mensagem com sugestões
divididas em três etapas:
Na 1ª Etapa, o
Gabinete Digital, NTE e Departamento Pedagógico da 9ª CRE
expuseram, às direções e supervisões das escolas, o objetivo e
funcionamento de cada uma das etapas da 2ª edição do programa
“Governador Pergunta”. Em sequência, divulgou-se data e horário
do lançamento da consulta para as escolas, onde foram instalados
telões para a comunidade escolar acompanhar através da internet e
participar, de maneira sincronizada, deste lançamento.
Na 2ª Etapa, as
escolas desenvolveram diversas atividades e debates nas sala
digitais, relacionadas com o tema da consulta, divulgando em seus
Blogs,
ampliando a mobilização para a votação e, ao mesmo tempo,
enviando sugestões. Professores e alunos envolveram pais e
comunidade em geral no processo.
E a 3ª Etapa, já
iniciada, consistiu em divulgar as 10 propostas priorizadas através
da participação direta na internet, mostrando assim os resultados
das articulações realizadas nas escolas e a importância da sua
participação em ações que envolvem a sociedade de maneira geral.
Assim, para
iniciar o processo de apresentação dos resultados dessa
mobilização, 39 pessoas articuladas pelo Comitê Jovem
(https://www.facebook.com/comite.jovem.5243),
entre alunos e professores das escolas envolvidas, foram convidadas a
participarem do evento de encerramento do “Governador Pergunta”
no dia 30 novembro de 2012 às 11h no Palácio Piratini. Os
representantes retornaram para suas comunidades escolares com
conhecimentos para divulgar as 10 questões priorizadas, e dar
continuidade ao processo de mobilização pela paz no trânsito.
Outro ponto
importante a ser destacado é o Comitê Jovem, com a função de
articular o debate entre alunos, professores e a comunidade em geral
e, assim, ampliando a capacidade de atingir mais pessoas de forma
permanente, onde os sujeitos se comunicam com o outro, seja
presencialmente e/ou através da internet.
Desta maneira, a
rede construída em Cruz Alta, colabora e facilita a mobilização de
forma orgânica para futuras ações, também, através da internet.
Assim, todas e todos os interessados que possuem algum tempo
disponível em períodos diferentes das atividades presenciais também
poderão participar das ações, bem como interagir com participantes
das atividades presenciais, dando continuidade aos debates,
aprofundando e sistematizando, através da rede, qualificando e
otimizando o tempo das ações presenciais.
Nessa
perspectiva, o Comitê Jovem iniciou o planejameto do lançamento da
campanha "Férias Seguras" e a utilização das mídias
sociais digitais. A cada ação articulada pelo Comitê, estudantes,
professores e pais acumularão experências e, com isso, poderá
colaborar em futuros processos participativos, como: Consultas do
Orçamento Participativo, do Gabinete Digital ou do Sistema Estadual
de Avaliação Participativa (Seap).
Portanto, este
fórum presencial apresenta a capacidade de gerar consciência
política, sendo um projeto pedagógico educacional contribuindo para
a construção do sujeito e ampliando a visão de mundo e cidadania
de maneira processual e contínua e não meramente eventual,
fundamentando-se no que o educador Paulo Freire contribui:
Não basta saber
ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que
Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e
quem lucra com esse trabalho.(Freire, 1991, p. 32)
Em 2004, quando
iniciou o “Projeto
Casa Brasil”
(http://www.casabrasil.gov.br/),
antes ligado a Presidência da República e hoje no Ministério da
Ciência e Tecnologia, implementou-se unidades em todas as capitais
federais e outras cidades com baixo índice de desenvolvimento humano
(IDH),
e
visava criar um equipamento público com diversos módulos em que se
realizam atividades em torno do tema "Inclusão Digital e
Sociedade da Informação".
No projeto
existia a figura de uma pessoa que exercia a função de
“Implementador Social” que entre outras atividades era
responsável por articular e criar nas unidades Casa Brasil, o
conselho gestor.
Este conselho
gestor, buscava a consciência política e também apresentava-se
como um projeto pedagógico educacional para a cidadania, e no
cotidiano também atuava na fiscalização da implementação do
projeto, de mobilização social e de definição do processo de
formação dos agentes locais das comunidades para o uso das
tecnologias.
No período de
2004 a 2009, observou-se que o processo digital mostrava-se
dependente de um momento presencial para seu funcionamento mínimo de
articulação e formação. Portanto, desde o início, a equipe de
Coordenação Nacional do Projeto Casa Brasil compreendia a
necessidade da existência de espaços presenciais de participação
(o conselho gestor) e que o projeto seria mais eficiente se o
processo digital estivesse devidamente articulado em fóruns
presenciais permanentes, e não eventuais, para desenvolver um
processo de participação em rede.
O Gabinete
Digital é um projeto único, que já alcançou inúmeros resultados
em seu curto tempo de existência. A exemplo desta consulta, em 37
dias de mobilização, 240 mil votos, 100 mil pessoas envolvidas, 2
mil propostas recebidas e dez priorizadas.
Aperfeiçoar o
Gabinete Digital é um processo permanente. E, por isso, o desafio
agora é adaptar as interfaces digitais, para que favoreça a
conectividade dos fóruns presenciais já existentes, fomentando
processos de aproximação de pessoas e coletivos, com interesses
semelhantes, buscando a comunicação, o envolvimento da
criatividade, fortalecendo suas próprias redes digitais e
presenciais, o que poderá despertar a busca pelo conhecimento
coletivo social também através da internet.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário