Qual a Porto Alegre que queremos?
Por Juberlei Bacelo
Porto Alegre se tornou internacionalmente conhecida como a capital que inventou o Orçamento Participativo, uma experiência modelo de participação popular que foi exportada para dezenas de cidades do mundo. Foi escolhida para sediar o primeiro Fórum Social Mundial, encontro que representou a articulação global das pessoas que acreditam que “um outro mundo é possível”. Também foi apontada como a cidade com a melhor qualidade de vida do país, destacando-se a excelência do transporte público, a riqueza da vida cultural e a preocupação com o meio ambiente. Estes títulos que ainda nos orgulhamos em ostentar, ocorreram durante as quatro gestões municipais do PT, marcadas, sobretudo, pela valorização do espaço público e do interesse coletivo.
Entretanto, o entendimento de que a cidade é um patrimônio comum a todos os cidadãos e cidadãs porto-alegrenses foi radicalmente descaracterizado nos últimos anos. A cidade passa por um visível processo de abandono e de privatização de áreas públicas, sendo essas cotidianamente entregue à especulação financeira e imobiliária, sob o pretexto das obras para a Copa de 2014. Cotidianamente, observamos a derrubada de árvores históricas, o desestímulo da participação na vida pública da cidade, a destruição de patrimônios históricos, o descaso com a limpeza das vias urbanas, o fechamento arbitrário de bares noturnos, o não estímulo à arte independente, popular e de rua, o desrespeito aos ciclistas, a compra particular de espaços comuns a toda população, a não preservação dos parques municipais, o desrespeito ao plano diretor da cidade para construções vultuosas e as remoções de famílias e comunidades para empreendimentos privados.
Todas essas ações são frutos de uma política contínua no âmbito da Prefeitura que prioriza o privado em detrimento do público. De forma bastante perceptível, atualmente a lógica operante em Porto Alegre é a dos grandes negócios entre poucos, o que desconstitui a cidade de todos. A definição do interesse público, a promoção da cidadania, o incentivo à participação popular e a valorização da cena cultural acessível à população estão altamente comprometidas pela atual gestão municipal.
Na próxima eleição que ocorrerá em outubro, os cidadãos e cidadãs porto-alegrenses devem se perguntar se é este o tipo de cidade em que desejam viver. Estamos certos, no entanto, de que a alternativa ao atual modelo de gestão, terá de passar necessariamente pelo fortalecimento do direito à cidade, do interesse público e da participação popular. Só assim poderemos interromper o ciclo em curso, vicioso e perverso, de privatização da nossa Porto Alegre.
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