75% das pessoas vivem em países com restrições religiosas



Uma pesquisa do instituto norte-americano Pew Research Center indicou o aumento da intolerância religiosa nas cinco maiores regiões do mundo entre meados de 2009 e 2010. No período, passou de 31% para 37% a proporção de países com nível elevado ou muito alto de restrições a crenças e práticas de religião. Cerca de 5,2 bilhões de pessoas vivem em locais com este tipo de ressalva.
O crescimento ocorreu inclusive em países ocidentais que tradicionalmente impõem poucos limites à prática da fé. A maior parte dos locais com restrições governamentais ou alta hostilidade social envolvendo religião são países com as maiores populações do mundo.
Mas o aumento foi registrado também em países com nível moderado ou baixo de restrições, como Suíça e Estados Unidos, onde em Oklahoma houve uma proposta rejeitada pela justiça de declarar ilegal a lei islâmica. Em território suíço foi proibida a construção de novos minaretes em mesquitas, na Indonésia ocorreu o fechamento de mais de 20 igrejas por pressão de extremistas islâmicos e houve violentos confrontos entre cristãos e muçulmanos na Nigéria.
O aumento destas restrições foi atribuído a diversos fatores, como crescimento de crimes e violência motivada por ódio religioso ou preconceito.
Os países com as maiores restrições governamentais em 2010 – que incluem leis, políticas e ações para limitar crenças e práticas religiosas – eram Egito, Indonésia, Arábia Saudita, Afeganistão, Irã, Tunísia, China, Rússia, Iêmen, entre outros. Estes locais somaram ao menos 6,6 pontos em um índice com nota máxima de 10.  O Brasil aparece entre os países com 0 a 2,3 pontos, no nível baixo, mesmo grupo de Austrália, Japão e Argentina.
Com elevada hostilidade social (7,2 pontos ou mais), estão Paquistão, Índia, Iraque, Sri Lanka, Bangladesh, Somália, Rússia, Palestina, Egito, entre outros. Neste ranking, o Brasil aparece no nível moderado (entre 1,5 e 3,5 pontos), junto com EUA,  Itália e Espanha. Por outro lado, o País está em melhor colocação que Alemanha ou França, presentes no grupo de elevada hostilidade social (3,6 e 7,1).
A China foi o país mais populoso com altas restrições, enquanto Paquistão, Índia, Israel e os Territórios Palestinos foram considerados locais com hostilidades sociais elevadas, como perseguição ou violência em massa.
O número de países onde houve assédio e intimidação de grupos religiosos específicos aumentou de 147 em 2009 para 160 em 2010. Cristãos, judeus, budistas estão entre os mais atacados.
No final de 2010, casos deste tipo contra cristãos foram registrados em 111 países (107 em 2006), contra muçulmanos em 90, e judeus em 68. Nos quatro anos do estudo, grupos religiosos foram assediados ou intimidados em 184 países.
O estudo abrange 2006 a 2010, neste período o número de países com muito alto nível de restrição governamental aumentou de 10 em 2007 para 18 em 2010. O número de países com muito alto nível de hostilidade também aumentou de 10 para 15.
A pesquisa engloba 197 países e territórios autoadministrados (Kosovo, Hong Kong, Macau e Palestina) e mais de 99,5% da população mundial.
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4 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

O tão criticado Samuel Huntington tinha razão, existe mesmo o "choque de civilizações" (clash of civilizations).

ERick disse...

Vc entendeu errado.
Samuel Huntington, na verdade, tem muito a ver justamente com essa doutrina da intolerância que está se difundindo em países ocidentais. É o discurso legitimador para toda a sorte de barbárie cometida pelo norte global contra as "civilizações atrasadas" ou "inferiores".
A intolerância está se difundindo de maneira geral e não tem absolutamente nada a ver com choque de civilizações, mas sim com fenômenos de outra natureza.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Você não leu -- talvez por preconceito -- Huntington, ele aponta o óbvio. Salvo poucas exceções, os governos de países muçulmanos são intolerantes, são bárbaros. Conheci alguns e vi de perto esse tipo de intolerância; as mulheres têm poucos direitos, as minorias, então, não tem nenhum direito, o que conta é o que falou o profeta Maomé no século VII. O problema do islamismo é que não existe uma igreja, é a palavra do profeta ao pé da letra, sem flexibilizações.

Esse filme anti islã é muito parecido com a vida de Brian do grupo inglês Monthy Python que debocha da vida de Cristo, mas ninguém morreu, no mundo da civilização, por conta disso.

Já no mundo da barbárie muçulmana, dezenas de pessoas morreram, por conta de um filme classe e e que não tem nenhum apoio do governo americano.

Se isso não é barbárie, diga-me, por favor o que é barbárie?

S. Huntington está repleto de razão, existe o mundo da civilização (e o Brasil, ainda bem, está embutido nele) e existe o mundo da barbárie.

Carlos Eduardo da Maia disse...

"Minha hipótese é que a fonte fundamental de conflitos neste mundo novo não será principalmente ideológica ou econômica. As grandes divisões entre a humanidade e a fonte dominante de conflitos será cultural. Os Estados-nações continuarão a ser os atores mais poderosos no cenário mundial, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre países e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global. As falhas geológicas entre civilizações serão as frentes de combate do futuro" (Samuel Huntington - Choque de Civilizações)