A prisão da banda punk Pussy Riot por cantar contra Putin


Em 21 de fevereiro de 2012, como parte de um protesto contra as eleições presidenciais russas de 2012, que culminaram com a reeleição de Vladimir Putin, três mulheres adentraram a Catedral de Cristo Salvador de Moscou, a principal igreja ortodoxa da Rússia, curvaram-se diante do altar e começaram a cantar uma "oração punk" contra Putin.
 Menos de um minuto depois, elas foram conduzidas por guardas para fora da Catedral. A filmagem do protesto foi usada posteriormente para criar um videoclipe para a música. Na música cantada na Catedral, o grupo pede à Mãe de Deus (em russo Богородица, no alfabeto cirílico ou Bogoroditsa, na versão latinizada) para mandar Putin embora. A musica também descreve o patriarca russo, Cirilo I de Moscou, como alguém que acredita em Putin ao invés de acreditar em Deus. Esta referência da música remete ao fato de Cirilo I ter demonstrado abertamente apoio a Putin durante as eleições, um fato que indignou não somente as integrantes do grupo, mas toda a oposição.
Presas desde fevereiro, Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich, fazem parte do Pussy Riot, um grupo de punk rock feminista russo, suas roupas usuais são vestidos de verão em cores vivas, com seus rostos sempre cobertos por tocas  balaclavas. O grupo é composto de aproximadamente 10 artistas, além de 15 assistentes técnicos encarregados de filmar e editar seus vídeis, os quais são difundidos via Internet. Desde que foram presas, despertaram solidariedade internacional de entidades como a Anistia Internacional e de diversos artistas da música - Paul McCartney, Madonna, Red Hot Chilli Pepers, Franz Ferdinand - que pedem a libertação delas, além de protestos e manifestações populares em apoio ao grupo.
Protesto na Rússia pela liberdade das integrantes da Pussy Riot
A acusação tenta desviar o foco político da ação. As integrantes do Pussy Riot estão sendo acusadas de "vandalismo motivado por ódio étnico", um crime que o código penal russo prevê uma pena de até sete anos de prisão.  As chances de liberação delas são difíceis. 
A juíza Marina Syrova, nesta sexta-feira (17), as considerou culpadas das acusações, a sentença final ainda não foi divulgada. A promotoria pediu três anos de prisão, afirmando que as garotas deveriam ser "isoladas da sociedade" e que elas haviam violado as tradições do país. Há uma forte tendencia para a condenação seguir esta orientação.
O caso das Pussy Riot escancara a dura realidade da Rússia governada por Vladimir Putin. Putin governa a Rússia de fato desde 1999 — foi presidente, primeiro-ministro e retornou à presidência — tomou posse em maio em meio a protestos e denúncias de fraude nas eleições. Centenas de manifestantes foram presos. Logo após assumir, o governo enrijeceu a legislação sobre a liberdade de reunião com novas leis que preveem a necessidade de autorização do Estado para realizar manifestações. Putin tornou as multas significativamente mais altas para violações do código.Outro caso incluído no rol da perseguição política é a prisão do blogueiro Alexei Navalny, considerado um dos líderes da oposição, no fim de julho. Ele é acusado por roubo de madeira de uma companhia estatal, enquanto trabalhava como conselheiro de um governo regional, em 2009.

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